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Este estudo tem por objetivo analisar a maneira pela qual animais taxidermizados foram tornados materiais didáticos em fins do século XIX e começo do século XX. Nesse período, ocorreu a renovação dos currículos escolares mais sensíveis ao ensino de ciências, bem como a renovação da própria metodologia, em favor daquele que veio a se chamar, método intuitivo de ensino. Sua utilização como ferramenta de ensino significava uma guinada epistemológica. Se no ensino dito tradicionalista por seus opositores a aprendizagem ocorria por meio da retórica, da recitação, da memorização, uma vez que o saber estaria inscrito nas palavras, o método intuitivo propunha as coisas como objeto conhecimento. Embora o teor de tal método visasse o ensino Primário, o ensino Secundário também se apropriou de tais postulações, favorecidas pela entrada das ciências no currículo, e passou a contar com gabinetes para o ensino de Física, Química e História Natural. As análises presentes nesse trabalho estão ancoradas na temática da cultura material escolar e conta com as contribuições de Rosa Fátima de Souza, Pedro Luiz Moreno, Augustín Benito Escolano, Martin Lawn e Ian Grosvenor. Partindo da compreensão de que artefatos escolares são vetores das relações socioculturais presentes na escola, por meio de seu estudo, pretende-se compreender o método de ensino e as práticas escolares a que estavam submetidos. Também foi intentado conhecer a própria biografia deste material peculiar dentro de um quadro que compreende a produção, apropriação escolar, comercialização e desaparecimento. Para tanto, foi mobilizado a coleção de animais taxidermizados do centenário Colégio Marista Arquidiocesano bem com um rol de documentação escrita presentes em seu acervo, manuais de taxidermia do século XIX, livros didáticos de História Natural do século XX, relatórios das Exposições Universais, e legislação da educação pertinente ao período estudado. (MADI FILHO, 2013, resumo)